Partida do terminal 107.9. Aeroporto internacional de Tóquio – Narita!
Localizado na Costa Leste da Ásia, o Japão é um arquipélago que compreende mais de três mil ilhas, sendo as principais as de Honshu, Sehikoku, Kyushu e Hokkaido. Esta semana, passámos por algumas das maravilhas naturais e não só da ilha que, entre estas quatro maiores, se localiza mais a norte – a ilha de Hokkaido. Esta ilha é a terra natal da raça aino, povo que, para além da ilha de Hokkaido se dispersa ainda por outros territórios asiáticos como as ilhas Curilhas e Sacalina, territórios russos.
Sendo a segunda maior ilha do território japonês, a heterogeneidade paisagística é considerável e a riqueza natural imensurável. Contando com seis parques nacionais e doze circuitos de reservas naturais, este território é um verdadeiro santuário natural, razão pela qual existem tantas florestas protegidas em Hokkaido.
E foi pela costa norte que começámos este passeio pela ilha. Entrámos no Japão pela península de Shiretoko, uma zona da ilha de Hokkaido extremamente montanhosa, à semelhança de grande parte do território japonês. O nome surge do idioma do povo aino, significando “Extremidade de Terra”, e é exactamente na extremidade nordeste da ilha que encontramos esta península à qual o acesso só é possível por via marítima ou aérea. Aproveitámos a viagem a bordo de Narita para pairar um pouco mais sobre Shiretoko, enquanto avançámos para Sul pela costa…
As costas de Hokkaido são banhadas pelas correntes frias do mar de Okhotsk, o que propicia um clima bastante frio e seco. Por esta razão, houve necessidade de intervenção humana em alguns locais da paisagem de modo a proteger tanto as pessoas como as plantações do tempo agreste. Visitando Nakashibetsu-cho, é possível observar as árvores quebra-vento dispostas em quadrados de 3 a 4 quilómetros de comprimento. Esta plantação de árvores largas estende-se por 648 quilómetros e permite que a população desta área produza grandes colheitas. Vista do ar, esta zona da ilha apresenta-se como um imenso padrão quadriculado em tons de verde. Diz-se que é visível inclusivamente do espaço, mas não precisámos de subir até tão altas altitudes para seguirmos para o nosso próximo ponto de paragem…
Grande parte do território da ilha de Hokkaido é ocupado por zonas naturais protegidas. É o caso da nossa terceira paragem nesta viagem – sobrevoámos o Pântano de Kushiro, a primeira área no Japão a ser incluída na Convenção de Ramsar sobre Zonas Húmidas. Com uma área próxima dos 20 mil hectares, esta é uma das zonas húmidas maiores do Japão, território de paragem de imensas espécies de aves, como a garça japonesa de crista encarnada. Incluído num dos parques naturais do Japão, o de Kushiro Shitsugen, este pântano é um autêntico santuário natural, ao qual o acesso é restrito. Todos os viajantes do Narita podem, no entanto, visitar esta zona através do nosso blog e das imagens que acompanham este itinerário de voo. Virámos depois para o interior da ilha, e chegámo-nos mais perto de outro dos ex-libris de Hokkaido, o vulcão ou monte Meakandake.
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Nas proximidades de Ashoro, uma cidade com cerca de 8500 habitantes, encontra-se um dos muitos vulcões activos do Japão, o Monte Meakandake. Apesar da pacífica convivência entre esta formação geológica e a cidade que fica aos seus pés, as frequentes erupções do Monte Meakandake trazem por vezes consequências a nível da paisagem. Tal foi o caso da erupção que provocou o aparecimento à superfície de um rio que acabou por gerar um lago de incríveis águas azuis. O povo aino chamou a este lago On’neto, o que significa literalmente “lago dos nossos pais”. Numa perfeita simbiose natural, o lago é rodeado de vastas e verdejantes florestas, povoadas de inúmeras espécies vegetais e animais, tornando-o numa paragem obrigatória para os amantes da Natureza. Um acidente topográfico curioso ou o modo que o planeta teve de esculpir mais uma bela pintura na paisagem de Hokkaido? Independentemente da opinião, este é mais um dos locais de incrível património natural de Hokkaido, que merece a visita do Narita desta semana, uma viagem que se realizou no mesmo dia em que se comemorou no Japão o Hina Matsuri, ou Festival das Bonecas. Este festival, como hoje é conhecido, teve o seu início no Período Edo (Séc. XVII a XIX) e destinava-se a comemorar o dia das raparigas. As famílias celebram esta data para desejar às raparigas um crescimento saudável e feliz. O Hina Matsuri também é conhecido como Momo no Sekku (Festival do Pêssego) ou Sangatsu no Sekku (Festival de Março). Uma efeméride a marcar a passagem de Narita por Hokkaido, na mesma noite em que o território luso assistia a um eclipse lunar…
E quase a chegar ao final da viagem pela ilha de Hokkaido houve tempo ainda para mais uma paragem que, como não poderia deixar de ser, é um parque natural. Localizado nas imediações da cidade com o mesmo nome, o Parque Takinoue é uma reserva onde as cascatas e os vales se entrecruzam formando padrões de extrema beleza. Nos meses de Maio e Junho, ou seja, durante a Primavera, as colinas deste parque ganham um brilho ainda mais especial, cobrindo-se de um tom rosa-escuro. Este fenómeno ocorre há quase 50 anos, altura em que neste parque foram plantados cem mil metros quadrados de um tipo de pequenas e rasteiras plantas chamadas floxes, cuja florescência apresenta um característico tom rosado. Uma vez que estas plantas florescem todas ao mesmo tempo, a chegada da Primavera a Takinoue pinta a paisagem de cor de rosa, uma atracção visual que está na origem da Festa do Flox, uma celebração em que é possível, por exemplo, sobrevoar o parque de helicóptero e apreciar os tapetes florais. Aproveitámos a boleia e aterrámos esta viagem em Hokkaido. Voltamos a voar para a semana com novos destinos no país do sol nascente. Até lá, nós por cá, e por lá, no Japão, despedimo-nos, desejando-vos boas viagens com a RUC!
01. Tomoyasu Takanishi – Eyot
02. Marqido – Percussion
03. Kitaro – Koi
04. Somei Satoh – Mantra
05. Merzbow – Ambient Study For Kinbaku-Bi Part 5
06. Mamoru Fujieda – Duct Chant
07. Toshiya Tsunoda - A Singboard, Wind–Blown
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