sábado, outubro 29, 2005

NARITA 014 - 2005/10/29

Boa noite. Prontos para o décimo quarto vôo com partida de NARITA. Hoje a bordo convosto estão o piloto Fernando Ferreira e eu Sara Mendes a monotorizar a altitude de vôo. Partida do terminal 107.9, Aeroporto Internacional de Tóquio, NARITA.

Viajamos hoje com o destino à música alternativa, ou, se perferirem, música indie japonesa. À semelhança de outros panoramas musicais, também no Japão e diversidade de estilos é enorme e, tal como acontece sempre que se tenta catalogar bandas, pode falar-se de um estilo Indie nipónico. A viagem do Narita de hoje tem como passageiros algumas das bandas conotadas com este estilo, como os primeiros a embarcar esta noite, os Ocean Lane com Sign.

01. Ocean Lane - Sign
02. Penpals - I guess everything reminds you

Encontraram-se nos mesmo círculos musicais na universidade - um tocava bateria, o outro tinha uma voz entre o infantil e o maníaco. Pouco depois acrescentaram um baixista à formação e assim surgiram os Sambomaster, de Takeshi Yamaguchi, Yasufumi Kiuchi e Yoichi Kondo. Alcançaram maior reconhecimento deste lado do mundo com o tema de abertura da série de animação Naruto, com que ficamos nos próximos minutos.

03. Sambomaster - Seishun Kyosokyoku
04. Hoover's Ooovers - Sode no nai buruu no wanpiisu
05. Yougurt Pooh - Outsider

Há quem se questione se há estilo musical que a banda que se segue não consiga interpretar. Masahiko Shimura, dono de uma versátil voz conheceu Takayuki Watanabe no liceu; decidiram formar uma banda e foram buscar o nome à fábrica do pais de Watanabe. Falamos dos Fuji Fablic, que mais tarde vieram a incorporar também o teclista Tadakoro Sachiko. Após o lançamento de 3 álbuns, Watanabe deixa a banda alegando divergências criativas, mas os Fuji Fablic prosseguiram, estando mesmo prontos a lançar um novo álbum já no dia 9 de Novembro (2005). Ouvimos já de fundo o singles que lançaram em Fevereiro deste ano - Ginga.

06. Fuji Fablic - Ginga

Narita RadioShow

07. Ellegarden - My favorite song

Corria o mês de Dezembro de 1998, quando, em Fukuoka, Abe Kousei, Itou Shinichi, Abe Mitsuhiro e Nakayama Akihito decidiram formar os Sparta Locals, cujas actuações foram descritas pelo líder dos Quruli como "tão cool que fazem sangrar narizes" - expressão idiomática japonesa. Com os Sparta Locals embarca uma bailarina de Tóquio - a tripulação adverte para a existência de um posto de primeiros socorros em http://naritaruc.blogspot.com/. Este vôo também está equipado com sugestões culturais: esta semana a tripulação do Narita recomenda uma passagem atá dia 30 de Outubro pela Anipop, mostra de animação e cultura japonesa, na delegação do IPJ do Parque das Nações em Lisboa.

08. Sparta Locals - Tokyo Ballerina
09. Bandwagon - One more word

Começaram em 1995 por se chamar Lucy Van Pelt, a amiguinha de óculos de Snoppy. Devido a questões de direitos de autor, mudaram em 1998 o nome para Advantage Lucy. Perseguidos pela tragédia, Aiko e Yoshiharu shizaka são agora os elementos restantes da formação inicial, após a saída do baterista e da morte do guitarrista. Apesar de tudo isto, continuam a fazer música bem disposta. Para ouvir fica Fizz Pop.

10. Advantage Lucy - Fizz Pop

Já a banda tinha tocado alguns concertos quando finalmente Aiha Higurashi decidiu dar-lhe um nome. A inspiração veio de uma faixa dos XTC, e assim apareceram as Seagull Screaming Kiss Her Kiss Her que rapidamente conquistaram uma vasta legião de fãs nos Estados Unidos, chamando a atenção de nomes como Mogwai, Yo La Tengo ou Modest House. Em 2002 a banda chega ao fim - mesmo assim, ainda hoje continuam a ganhar fãs. Não consta da nossa rota de vôo uma passagem pela América, mas ficamos com Down to México das Seagull Screaming Kiss Her Kiss Her.

11. Seagull Screaming Kiss Her Kiss Her - Down to Mexico

Se no Japão abundam nomes de bandas originais, este é dos expoentes das imaginação nipónica. Os Thee Michell Gun Elephant, ou TMGE, foram inspirar-se também ao trabalho de outra banda para arranjarem nome, neste caso aos Damned. Muitas vezes comparados aos Ramones, algo possuídos e muito energéticos, os TMGE transformam este vôo num Electric Circus.

12. Thee Michelle Gun Elephant - Electric Circus

Fundados em Yokohama, os senhores que se seguem são mais um caso de sucesso além fronteiras, concertos frequentes nos Estados Unidos e Reino Unido. Com uma sonoridade algures entre os My bloody Valentine e Pale Saints, os Luminous Orange entram neste vôo com Give a Hint.

13. Luminous Orange - Give a hint

Narita RadioShow

Vôo em rota alternativa de Narita quase a chegar ao fim, não sem antes passarmos pelos Supercar, que é frequentemente comparada a outro ícone da música alternativa, os Radiohead. Formados em 1995, os Supercar foram sempre sendo bem recebidos mas atingiram maior projecção quando o seu tema "Drive" foi utilizado num programa televisivo. No ínicio deste ano, os membros da banda decidiram terminar a viagem para prosseguirem carreiras a solo. Dos Supercar fica até ao momento de contacto com o solo o tema Sunshine Fairyland. Nós por cá, e por lá, no Japão, despedimo-nos, esperando que tenham tido uma boa viagem. Voltamos a embrarca no próximo sábado entre as 21 e as 22h. Mata raisshu.

14. Supercar - Sunshine Fairyland

terça-feira, outubro 25, 2005

NARITA 013 - 2005/10/22

Boa noite. Deste lado a equipa habitual, Fernando Ferreira, Olga do Vale e Sara Mendes, prontos para dar início a uma viagem ao cinema japonês. Viagem 13, agora em nova rota com a grelha de Inverno da Rádio Universidade, todos os sábados pelas 21 horas. Código de embarque: terminal 107.9, aeroporto internacional de Tóquio, NARITA.


Hoje deixamos os desenhos animados de parte e fazemos a nossa primeira incursão pelo cinema japonês. Sem perdermos tempo iniciamos a viagem com um nome incontornável do cinema japonês, Takeshi Kitano.

Equipa de bordo: Fernando Ferreira, Olga do Vale e Sara Mendes.

Destino: OST (Cinemusicorium Japonês)

Alinhamento:

1. Dolls

De 2002 recuperamos os sons que deram cor a Dolls. Filme com uma direcção de arte e fotografia geniais, digo eu, como de resto são pautados tantos filmes asiáticos. Dolls é inspirado em histórias tradicionais de Bunraku, teatro de marionetas japonês. São 3 histórias interligadas e muitos cenários deslumbrantes. A história central é a de um casal misterioso que vagueia pelas ruas unidos por uma corda. A narrativa ocorre em flashback, o que lhe impõe um ritmo muito próprio. Mais uma vez os finais felizes não fazem parte do imaginário de Kitano, e mais uma vez contou com a colaboração de Joe Hisaishi, ele que tantas vezes já passou pelo nosso programa, para sonorizar imagens e personagens.

2. Batoru Rowaiaru - “Battle Royale”

Seguimos viagem com a Banda Sonora de Batoru Rowaiaru - “Battle Royale”, de Fukasaku Kinji. Filme de 2000, que conta com participação de luxo como “Beat” Takeshi e Chiaki Kuryama, ela que 3 anos depois encarnaria a terrível Gogo Yubari em Kill Bill. Battle Royale foi alvo de muita polémica no Japão, não tanto pela violência visual, que lhe é inerente, mas pelas mensagens implícitas. O cenário é um Japão actual, em início do século XXI, onde a crise económica e as elevadas taxas de desemprego geram um conflito de gerações, que despoleta numa rebelião de jovens contra o poder dos adultos. Em resposta a isto o governo japonês aprova uma lei que ficaria conhecida como BR, Battle Royale, que consistia num programa em que vários jovens eram transportados para uma ilha deserta e obrigados a entrarem num jogo para sobreviverem. As regras eram 3: só um podia sobreviver; só podia existir um vencedor; e o jogo só podia durar 3 dias, no fim deste período se houvesse mais que um sobrevivente todos morreriam. Através deste mote e de algumas dezenas de personagens muito características Kinji conseguiu criar um filme complicado e extremamente violento. A Banda sonora ficou a cargo de Masamichi Amano.

Battle Royale teve uma “menos feliz” sequela na minha opinião, uma vez que o primeiro filme me pareceu bastante conclusivo. A história é passada 3 anos após os sobreviventes terem fugido da Ilha. Nanahara e Nakagawa, duas das personagens do primeiro filme estão agora à frente de um grupo terrorista anti-BR. O governo japonês em resposta a este grupo cria uma lei anti-terrorismo com o nome de BRII. Outro grupo de jovens é escolhido e a nova missão é descobrir e matar Nanahara em 72 horas. Um filme menos intenso que o primeiro volume e cuja banda sonora ficou a cargo do mesmo Masamichi Amano.

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Próximo passageiro, um senhor que ficou conhecido pelo polémico “Império dos Sentidos”, Nagisa Oshima. Mas a banda sonora que se segue é a de “Merry Christmas, Mr. Lawrence”. O filme de 1983 é passado durante a Segunda Guerra Mundial. Conta a história de um campo de prisioneiros japonês, na ilha Java, onde estão prisioneiros ingleses. O campo é gerido por um comandante tirano, interpretado por Ryuichi Sakamoto, que cria uma série de regras que geram conflitos com os presos. O CAOS é instaurado com a chegada de um novo prisioneiro, e o equilíbrio será ditado por um Coronel britânico que se encontra preso, mas que compreende ambos os lados do conflito. Um filme com interpretações magnificas de David Bowie, Tom Conti e Ryuichi Sakamato, que além do papel de vilão compôs uma banda sonora extraordinária que acompanha perfeitamente o ritmo do filme.

Recuperamos desta forma a banda sonora de outro filme de Takeshi Kitano, este num registo bem diferente do que é habitual. Filme de 1999 que tem como pano de fundo a história de um rapaz, Masao, que vive sozinho com a avó, em Tóquio. Não tem pai e só conhece a mãe por fotografias. Um dia recebe um encomenda desta, e decide procura-la na cidade onde vive, Toyohashi. No caminho, Masao, encontra um casal vizinho da avó, e o homem decide acompanha-lo nesta viagem, no mínimo marcante. Um filme focado na família, e que apesar de não recorrer à violência visual que Kitano nos habituou, não deixa de ser dramático. A extraordinária banda sono só podia ter saído da imaginação, novamente, de Joe Hisaishi.

Depois de um filem acolhedor, tempo para regressarmos ao cinema violento. Segue-se "Ichi - The Killer". Filme de 2001, realizado por Takashi Miike, tendo sido co-produzido por Japão, Coreia do Sul e Hong Kong. Filme de terror, com os gangs juvenis de fundo, onde a ultra violência chega a ultrapassar o visual, perturbando emocionalmente até os mais corajosos.

Baixamos o ritmo até à terceira longa metragem de Katsuhito Ishii, "Cha no Aji", rodado em 2004. Ishii foi o criador da sequência de animação que pudémos ver em "Kill Bill - Volume I". A história não é de todo nova, retrata a mudança de uma rapariga, e da família, para uma cidade do interior. Um filme com uma estética visual deslumbrante e que também recorre a alguma cenas de animação.

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Na recta final recuperamos um filme de outros dos incontornáveis do cinema japonês, Akira Kurowasa. Sanjuro, realizado em 1962, que não é mais que uma sequela, por assim dizer, de Yojimbo, o samurai que volta à cena. Desta vez, Yojimbo junta-se a um grupo de jovens que pretende acabar com a corrupção da cidade. No entanto o samurai não é propriamente o nobre guerreiro que os jovens pensam. Mais acção, mais drama, mais batalhas e mais uma vez a música de Masaru Satoh a acompanhar.

Minutos finais de NARITA com toda a equipa de bordo pronta para aterrar em segurança. Para mais informações basta dirigirem-se a naritaruc.blogspot.com. Nós por cá, e por lá no Japão, despedimo-nos e voltamos à mesa hora na próxima semana.

Sayounara

sexta-feira, outubro 14, 2005

NARITA 012 - 2005/10/14

Boa noite. Prontos para o décimo segundo vôo com partida de NARITA. Hoje num vôo a caminho da nova grelha da Rádio Universidade de Coimbra, a comandar o vôo está Fernando Ferreira e já sabem que podem contar com a vossa hospedeira de bordo, eu, Sara Mendes. Reajustamento dos horários de vôo: a partir da próxima semana os vôos com partida de Narita terão lugar aos Sábados entre as 21 e as 22 horas, com replay nas noites de 3ª para 4ª às 3h da manhã. Apesar das alterações, continuaremos como sempre a lançar um olhar sobre o que se faz pelo Japão em termos de música e não só. Partida do terminal 107.9, aeroporto internacional de Tóquio, NARITA.

O destino de hoje, quinta-feira, 13 de Outubro, é o J-Rock. Descendente do rock psicadélico ocidental, o J-Rock, abreviatura para Japanese Rock, surge no Japão no final da década de 60 do século passado inicialmente por grupos que imitavam os seus ídolos anglo-saxónicos. Tal como nesses países, também no Japão este estilo musical se aliou a movimentos políticos juvenis, nomeadamente às revoltas estudantis de Quioto.


O Rock a nível mundial evoluiu e também o J-Rock foi evoluindo, gerando vários sub-estilos e ajudando a criar vários novos panoramas musicais no Japão, desde o noise rock e ao folk rock.
Já de fundo ouvimos Shulla com RINRIN no Negai goto.

Shulla – RINRIN no Negaigoto

Gackt - Wasunerai Kara

Hyde – Evergreen
Formados no início dos anos 90 em Osaka, os L’arc en Ciel tiveram várias formações. A mais recente conta com Yukihiro, Ken, Tetsu (o fundador) e Hyde, o líder da banda também conhecida por Laruku. Actualmente, os diversos membros da banda desenvolvem projectos a solo, como Hyde que acabámos de escutar. Apesar disso a banda oficialmente não se desfez, tendo inclusivamente encetado uma reunion tour em 2003. Dos L’arc en Ciel ficamos com Ray Honey.

L’arc en Ciel – Ray Honey

Glay – Way of Difference

Uma das bandas mais populares no Japão, e também em toda a Ásia, é constituída por Hisashi, Jiro, Takuro e Teru. Falamos dos Glay, oriundios de Hakodate, cujo nome é deliberadamente uma má pronunciação do termo inglês gray, significando o leque entre o preto e o branco que a banda pretende abranger com a sua música. Na verdade, ao longo de dez anos os Glay têm composto êxitos atrás de êxitos, sempre com um som renovado. Aqui ouvimo-los com Way of Difference.

Segue-se outra das incontornáveis bandas do J-Rock – os X-Japan. Banda de culto um pouco por todo o lado, começou a ser congeminada por Yoshiki e Toshi em 1976, quando ambos tinham apenas 12 anos – na altura decidiram chamar-se apenas X. O som desta banda é assumidamente hard rock, como se pode comprovar no tema que já se ouve de fundo, Silent Jealousy.

X-Japan – Silent Jealousy

Durante a próxima semana, será possível visitar o Japão em Portugal. A equipa de vôo do Narita sugere uma passagem pela Cinemateca Portuguesa, onde, de 20 a 22 e 29 de Outubro, decorrerá um mini-ciclo de cinema japonês, com o patrocínio da embaixada do Japão e Japan Foundation. Kenji Mizoguchi e Yasuhiro Ozu são dois dos realizadores a serem vistos ou revistos neste mini-ciclo.


Também no final deste mês, a Anipop (Associação Juvenil para a divulgação da cultura japonesa) realiza um evento dedicado à animação e cultura nipónicas. Anime, Cosplay e workshops de desenho são alguns dos atractivos deste festival a realizar entre os dias 28 e 30 de Outubro, na delegação de Lisboa e Vale do Tejo do IPJ, no Parque das Nações em Lisboa.

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Endorphine – The Game

Luna Sea – Into the Sun
Descobertos pelos X Japan, os Luna Sea iniciaram a carreira em 1989 e foram quase tão populares com a banda que os trouxe para a ribalta durante a década de 90. Terminaram a sua carreira em 2000, com dois dias de concertos esgotados no Tokyo Dome. Foram eles que nos elevaram ao Sol com este Into the Sun.

Chega ao fim este vôo de Narita sobre o J-Rock, hoje que estreia em território nacional, mas não ainda em Coimbra, o tão esperado último filme saído dos estúdios Ghibli – Howl’s Moving Castle, em português “O Castelo Andante”. A hora de chegada é a prevista. Mais informações em naritaruc.blogspot.com. Nós por cá, e por lá, no Japão, despedimo-nos, esperando que tenham tido uma boa viagem. Relembramos as novas coordenadas dos vôos a partir da próxima semana: Sábados entre as 21h e as 22h, já a partir de dia 22.

Cali Gari – Goodbye

quinta-feira, outubro 06, 2005

Curso Livre de Japonês (FLUC)

A Universidade de Coimbra, através da sua Faculdade de Letras, oferece no ano lectivo 2005/06 o curso de língua e cultura japonesas (níveis I e II), aberto a todos os estudantes da Universidade e público.

Para além de outras vantagens, a frequência deste curso poderá facilitar a participação de estudantes de Coimbra em protocolos de intercâmbio académico que esta Universidade mantém com diversas Universidades japonesas.

As inscrições estão abertas na Secretaria de Assuntos Académicos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra até ao dia 7 de Outubro (talvez se pedirem muito se possam inscrever fora do prazo : ) ).

Informações sobre o curso com a docente Drª. Ayano Shinzato.

Sayourana.

PS: O NARITA não levanta voo hoje, devido à emissão diária, durante esta semana, de entrevistas aos candidatos à Câmara Municipal de Coimbra. "Boas viagens".

quarta-feira, outubro 05, 2005

NARITA 011 - 2005/09/29

Hoje a equipa de bordo desfalcada; os viajantes a bordo deste vôo podem contar com o piloto Fernando Ferreira e comigo, Sara Mendes, a assegurar que o vôo corra pelo melhor. Todas as quintas-feiras entre as 21 e as 22 horas um olhar sobre o que se faz pelo Japão. Partida do terminal 107.9, aeroporto internacional de Tóquio, NARITA.

O destino de hoje, quinta-feira, 29 de Setembro, é a música Enka, um tipo de música tradicional melodramática japonesa oriunda dos períodos Meiji e Taisho.

Equipa de bordo: Fernando Ferreira e Sara Mendes.

Destino: Enka

Considerada por muitos a mais contemporânea da música japonesa, a música Enka ouve-se em baladas que combinam a música western moderna com um distinto toque nipónico. Inicialmente criada como forma de expressão política, a música Enka utiliza tanto instrumentos tradicionais japoneses como da música western; as guitarras e os sons de orquestra completam este leque de instrumentos musicais.

A música Enka é composta em “oitavas” pentatónicas, as “yonanuki onkai”, ou seja, são apenas utilizadas cinco notas por oitava. O tom nostálgico predomina neste estilo musical, como pode ser ouvido já de fundo em Kawa No Nagare No Yô Ni.

Alinhamento:

1. ( ) - Kawa No Nagare No Yô Ni
2. Seiko Matsuda - Anata Ni Aitakutei
3. Misora Hibari - Ai San San

Misora Hibari é a indiscutível rainha Rainha do Enka. Aos sete anos já era cantora, tendo iniciado aos doze anos uma carreira de actriz que contou mais de 60 filmes. Diz-se que a sua música ajudou a reconfortar os japoneses na devastação dos anos de guerra, razão pela qual Kyoto tem um museu em sua honra. Em 1989, aos 52 anos, faleceu de morte súbita.

4. Misora Hibari - Omaini Horata
5. Yamagushi Momoe - Toshi Goru
6. Yuki Saori - Tegani
7. Meiko Kaji - Shura no Hana

Também dividida entre a carreira de actriz e a de cantora, Meiko Kaji é outra das rainhas do Enka. Interpretando vários temas para filmes em que participou, Meiko Kaji ganhou recentemente o reconhecimento fora do Japão pela inclusão de temas seus nas bandas sonoras dos dois volumes de Kill Bill de Quentin Tarantino. Ouvimos [Shura no Hana], em inglês “The Flower of Carnage”, retirado da banda sonora de Kill Bill Volume I, tema composto originalmente para o filme Lady Snowblood em que Kaji era a protagonista.

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8. Sayuri Ishikawa - Sayonara No Tsu Basa
9. ( ) - Narutu Kaikyo
10. Yashiro Aki - Ame No Bojo

Yashiro Aki interpreta baladas num tom mais sensual que o habitual na música Enka. Na sua voz ficámos com [Ame no Bojo]. Apesar de nascida na Ilha Formosa, Teresa Teng é também apontada como uma das grandes intépretes da música Enka. Desta senhora, ouvimos [Subaru].

11. Teresa Teng - Subaru
12. Okinawa - Shimauta
13. Itsuki Hiroshi - Fuyu No Hataru
14. Kiyoshi Hikawa - Kiyoshi Konoyoru


Kiyoshi Hikawa tornou-se um cantor Enka porque as pessoas idosas que visitava nos lares ouviam as suas músicas de lágrimas nos olhos. Este é um jovem intérprete Enka, nascido em 1977 em Fukuoka, que agrada particularmente às senhoras mais velhas (mas também não deixa de agradar às mais novas). Em 2000 lançou o single Kiyoshi Konoyoru com o qual nos aproximamos da pista de aterragem.

Nós por cá, e por lá, no Japão, despedimo-nos, esperando que tenham tido uma boa viagem. Para a semana estamos de volta, à mesma hora.

Sayourana.