segunda-feira, maio 21, 2007

NARITA #88 - 19.05.2007

Número arredondado para a partida desta semana de NARITA – enquanto os estudantes em Portugal regressam ao ritmo normal de aulas após os festejos académicos, o octogésimo oitavo voo sobrevoa os estudantes nipónicos e conta um pouco da história do sistema educativo do Japão.
Partida do terminal 107.9. Aeroporto Internacional de Tóquio: NARITA.

Quando falamos do sistema educativo japonês, temos de recuar até ao início do século XIX para encontrar a sua génese. Inicialmente baseada nos modelos europeus, a escola japonesa sofreu uma reforma profunda após a II Grande Guerra Mundial, estabelecendo como objectivos de aprendizagem valores tão nobres como a contribuição para a paz e o bem-estar da humanidade, promovendo ao mesmo tempo o desenvolvimento da personalidade e do sentido de justiça entre os estudantes. Estas alterações corresponderam também a uma descentralização da educação, que deixou de ser controlada directamente pelo estado.
A escolaridade obrigatória é de 9 anos, mas muitas crianças japonesas fazem a sua entrada no sistema de ensino bem cedo, aproveitando um período pré-escolar…

01. Shimokawa Mikuni - Kimi ni Fuku Kaze
02. Teriyaki Boyz - School of Rock

À semelhança de alguns países, no Japão os pais que não possam acompanhar os seus filhos por motivos laborais ou doença podem recorrer aos chamados berçários. Estas instituições recebem as crianças a partir dos 2 meses de idade até ao ingresso na escola primária. Ao fim de 3 anos, as crianças transitam para o jardim-de-infância, podendo escolher de 1 a 3 anos até ao início da escola primária.
A educação obrigatória inicia-se à saída do jardim-de-infância; quando as crianças têm 6 anos de idade completos podem ingressar na escola primária e iniciar assim o seu percurso escolar propriamente dito. Os 9 anos de escolaridade obrigatória compreendem, para além da escola primária, os anos de escola secundária ou liceu, na qual os alunos japoneses entram quando completam 12 anos. Como não existem exames de admissão para entrar neste segundo ciclo de ensino, os companheiros de infantário e escola primária acabam muitas vezes por o ser também no liceu.
Este é um dos aspectos peculiares do ensino nipónico, mas há muitas mais curiosidades nas escolas japonesas…

03. The Pillows - Super Trampoline School Kid
04. Number Girl - mini grammer
05. Kitty GYM - Fever to future

As salas, o mobiliário e a organização dos liceus japoneses são bem diferentes do que se encontra nos liceus ocidentais. Os alunos japoneses não precisam de mudar de sala de aula constantemente, já que as aulas decorrem todo o dia na mesma sala – para além de permitir menos perdas de tempo, este facto também permite que os alunos guardem o seu material escolar na sua carteira, a qual geralmente é provida de uma gaveta para esse efeito. Higiene, limpeza e segurança são palavras-chave nos liceus do Japão: os alunos ajudam regularmente na limpeza da sala de aula, com o apoio dos monitores e professores; e num país com tão elevada sismicidade, é natural e aliás frequente a realização de simulacros de terramoto e incêndios pelos estudantes.
Mas talvez a característica mais veiculada dos liceus nipónicos seja o uniforme. Cada escola tem o seu próprio uniforme, sendo que o habitual é os rapazes vestirem calças pretas, casaco com um brasão na parte da frente e uma camisa branca. Já as raparigas usam a "tradicional" saia plissada ou em cinza ou no clássico azul-escuro, denominado no Japão por "kon", vestindo também uma camisola "à marinheiro" ou então uma camisa branca com um casaco a combinar.
O ensino obrigatório termina no final do liceu, ou seja, por volta dos 15 anos, mas os estudantes podem escolher estudar por mais algum tempo…

06. Nobukazu Takemura - Funny Illustrated Book
07. Halcali - Electric Sensei

Ao fim de 9 anos de escolaridade obrigatória, os alunos podem submeter-se a um exame para estudarem mais 3 anos, equivalentes ao 10º, 11º e 12º anos do ensino português. Estes 3 anos complementares não são obrigatórios, mas os alunos que pretendam ingressar na Universidade precisam de frequentá-los para aceder ao ensino superior. O ingresso na Universidade é feito após a realização de um exame e é bastante difícil; no entanto, diz-se no Japão que "depois de uma entrada difícil na Universidade, o mais fácil é sair". Actualmente, começa a ser já habitual os jovens terem títulos universitários, mas nem sempre é certo que a saída da universidade garanta emprego ou actividade na área para a qual os estudantes se formaram…

08. Noodles - Classic Chord Book
09. Nami Takami - High School Queen
10. Dustar-3 - Natsu Yasumi

Até agora falámos do ensino japonês público, mas, como em muitos outros países, também no Japão existe ensino privado. Nestas escolas, o sistema educativo é bastante diferente, sendo a entrada feita mediante exame até para o jardim-de-infância! Trata-se das escolas que formam as elites e a competitividade é aqui o aspecto central - há sempre exames nas passagens de nível escolar e os estudantes vão assim aprendendo o que é a competição e como chegar a melhor do grupo. A pressão para serem os melhores é tão grande que chega a levar alguns alunos ao suicídio, mas muitos pais japoneses continuam a acreditar que a felicidade dos filhos vem de estudar numa escola famosa que os forme para trabalharem nas melhores empresas. Este sistema tão exigente faz com que as crianças e jovens que frequentam o ensino privado japonês acabem muitas vezes por passar a vida a estudar, sem brincar. Talvez atentando a este facto, as escolas organizam dezenas de passeios e visitas de estudo durante o ano lectivo…

11. Mad Capsule Market - Kami no ­uta
12. MUCC - Kami no Hoshi

Tanto no ensino público como no ensino privado, o ano escolar começa em Abril e é dividido em três períodos. Estas três fases do ano lectivo são separadas por poucos dias de férias na Primavera e Inverno, sendo que no Verão a interrupção lectiva dura aproximadamente um mês.
Sistemas de ensino que talvez não sejam tão diferentes assim dos ocidentais e que podem ser experimentados ao abrigo de programas de intercâmbio de estudantes como, por exemplo, os que a Universidade de Coimbra estabeleceu com as Universidades de Kyoto, Tenri, Tokyo ou Waseda. Sugestões para explorarem enquanto aterramos…
Chegamos ao final da pequena viagem educativa de hoje de Narita. Esperamos que tenham aprendido algo connosco durante esta hora. Como sempre, o diário de bordo está acessível para consulta em naritaruc.blogspot.com. Voltamos a voar para a semana. Até lá, nós por cá, e por lá, no Japão, despedimo-nos, desejando-vos boas viagens com a RUC!

13. Charlotte - Saikou no natsu yasumi deshita
14. Kahimi Karie - I can´t wait for summer

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