Convencionou chamar-se dispensa ao espaço onde repousam as iguarias à espera de preparação.
E, a verdade, é que não há boa doçaria nem bom doceiro sem recheada dispensa, assim como não há cuidada celebração nem virtuoso prior, sem aprumada sacristia.
Depois, é consensual que um bom livro de culinária seja garantia de bom gosto, selecção e qualidade. É dos melhores instrumentos para qualquer neófito culinário a transbordar de vida; um guia de vontades, um paradigma de felicidade, um percurso de sabores.
Os Opaluc parecem cozinhar sempre e só nas manhãs frescas, de sorrisos abertos e semblante aromático.
Em 2009, e pela primeira vez , pegam no Pantagruel idealizado pelos chefes Yo La Tengo há mais de duas décadas e escrito à mão, desalmadamente, pelos Galaxie 500.
Em co-autoria, Kevin Shields e American Analog Set recomendam algumas camadas de guitarra caramelizada, porque é de doce que estamos a falar.
Pouco sabem sobre obesidade. E talvez por isso, não se importem de guarnecer a dispensa com muita pop.
Nas prateleiras, ainda há espaço para o indispensável fermento que faz crescer as espirais e os loops que dão forma às camadas de distorção que fazem adivinhar a estrutura final.
No fim e, paradoxalmente, depois da prova, assumimo-nos mais leves do que nunca, esquecendo por completo que na nossa família também há antecedentes de diabetes.
Se houver azia, pressionamos, mais outra vez, o play terapêutico porque, em loop, se vai fazendo a cura.
Se é verdade que estes jovens seguiram os melhores conselhos, têm de seu lado, a distingui-los dos mestres, o polvilhado exclusivo da aura nipónica que, já se sabe, transporta sempre muito mais magia.
Em Tóquio, ficamos a saber onde se situa uma das melhores confeitarias. Ao mesmo tempo recomendamo-la aos amigos e concordamos todos, em jeito de confidência, o desejo de a voltar a visitar.
Opaluc é uma delícia.
Download (.zip)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário