terça-feira, outubro 25, 2005

NARITA 013 - 2005/10/22

Boa noite. Deste lado a equipa habitual, Fernando Ferreira, Olga do Vale e Sara Mendes, prontos para dar início a uma viagem ao cinema japonês. Viagem 13, agora em nova rota com a grelha de Inverno da Rádio Universidade, todos os sábados pelas 21 horas. Código de embarque: terminal 107.9, aeroporto internacional de Tóquio, NARITA.


Hoje deixamos os desenhos animados de parte e fazemos a nossa primeira incursão pelo cinema japonês. Sem perdermos tempo iniciamos a viagem com um nome incontornável do cinema japonês, Takeshi Kitano.

Equipa de bordo: Fernando Ferreira, Olga do Vale e Sara Mendes.

Destino: OST (Cinemusicorium Japonês)

Alinhamento:

1. Dolls

De 2002 recuperamos os sons que deram cor a Dolls. Filme com uma direcção de arte e fotografia geniais, digo eu, como de resto são pautados tantos filmes asiáticos. Dolls é inspirado em histórias tradicionais de Bunraku, teatro de marionetas japonês. São 3 histórias interligadas e muitos cenários deslumbrantes. A história central é a de um casal misterioso que vagueia pelas ruas unidos por uma corda. A narrativa ocorre em flashback, o que lhe impõe um ritmo muito próprio. Mais uma vez os finais felizes não fazem parte do imaginário de Kitano, e mais uma vez contou com a colaboração de Joe Hisaishi, ele que tantas vezes já passou pelo nosso programa, para sonorizar imagens e personagens.

2. Batoru Rowaiaru - “Battle Royale”

Seguimos viagem com a Banda Sonora de Batoru Rowaiaru - “Battle Royale”, de Fukasaku Kinji. Filme de 2000, que conta com participação de luxo como “Beat” Takeshi e Chiaki Kuryama, ela que 3 anos depois encarnaria a terrível Gogo Yubari em Kill Bill. Battle Royale foi alvo de muita polémica no Japão, não tanto pela violência visual, que lhe é inerente, mas pelas mensagens implícitas. O cenário é um Japão actual, em início do século XXI, onde a crise económica e as elevadas taxas de desemprego geram um conflito de gerações, que despoleta numa rebelião de jovens contra o poder dos adultos. Em resposta a isto o governo japonês aprova uma lei que ficaria conhecida como BR, Battle Royale, que consistia num programa em que vários jovens eram transportados para uma ilha deserta e obrigados a entrarem num jogo para sobreviverem. As regras eram 3: só um podia sobreviver; só podia existir um vencedor; e o jogo só podia durar 3 dias, no fim deste período se houvesse mais que um sobrevivente todos morreriam. Através deste mote e de algumas dezenas de personagens muito características Kinji conseguiu criar um filme complicado e extremamente violento. A Banda sonora ficou a cargo de Masamichi Amano.

Battle Royale teve uma “menos feliz” sequela na minha opinião, uma vez que o primeiro filme me pareceu bastante conclusivo. A história é passada 3 anos após os sobreviventes terem fugido da Ilha. Nanahara e Nakagawa, duas das personagens do primeiro filme estão agora à frente de um grupo terrorista anti-BR. O governo japonês em resposta a este grupo cria uma lei anti-terrorismo com o nome de BRII. Outro grupo de jovens é escolhido e a nova missão é descobrir e matar Nanahara em 72 horas. Um filme menos intenso que o primeiro volume e cuja banda sonora ficou a cargo do mesmo Masamichi Amano.

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Próximo passageiro, um senhor que ficou conhecido pelo polémico “Império dos Sentidos”, Nagisa Oshima. Mas a banda sonora que se segue é a de “Merry Christmas, Mr. Lawrence”. O filme de 1983 é passado durante a Segunda Guerra Mundial. Conta a história de um campo de prisioneiros japonês, na ilha Java, onde estão prisioneiros ingleses. O campo é gerido por um comandante tirano, interpretado por Ryuichi Sakamoto, que cria uma série de regras que geram conflitos com os presos. O CAOS é instaurado com a chegada de um novo prisioneiro, e o equilíbrio será ditado por um Coronel britânico que se encontra preso, mas que compreende ambos os lados do conflito. Um filme com interpretações magnificas de David Bowie, Tom Conti e Ryuichi Sakamato, que além do papel de vilão compôs uma banda sonora extraordinária que acompanha perfeitamente o ritmo do filme.

Recuperamos desta forma a banda sonora de outro filme de Takeshi Kitano, este num registo bem diferente do que é habitual. Filme de 1999 que tem como pano de fundo a história de um rapaz, Masao, que vive sozinho com a avó, em Tóquio. Não tem pai e só conhece a mãe por fotografias. Um dia recebe um encomenda desta, e decide procura-la na cidade onde vive, Toyohashi. No caminho, Masao, encontra um casal vizinho da avó, e o homem decide acompanha-lo nesta viagem, no mínimo marcante. Um filme focado na família, e que apesar de não recorrer à violência visual que Kitano nos habituou, não deixa de ser dramático. A extraordinária banda sono só podia ter saído da imaginação, novamente, de Joe Hisaishi.

Depois de um filem acolhedor, tempo para regressarmos ao cinema violento. Segue-se "Ichi - The Killer". Filme de 2001, realizado por Takashi Miike, tendo sido co-produzido por Japão, Coreia do Sul e Hong Kong. Filme de terror, com os gangs juvenis de fundo, onde a ultra violência chega a ultrapassar o visual, perturbando emocionalmente até os mais corajosos.

Baixamos o ritmo até à terceira longa metragem de Katsuhito Ishii, "Cha no Aji", rodado em 2004. Ishii foi o criador da sequência de animação que pudémos ver em "Kill Bill - Volume I". A história não é de todo nova, retrata a mudança de uma rapariga, e da família, para uma cidade do interior. Um filme com uma estética visual deslumbrante e que também recorre a alguma cenas de animação.

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Na recta final recuperamos um filme de outros dos incontornáveis do cinema japonês, Akira Kurowasa. Sanjuro, realizado em 1962, que não é mais que uma sequela, por assim dizer, de Yojimbo, o samurai que volta à cena. Desta vez, Yojimbo junta-se a um grupo de jovens que pretende acabar com a corrupção da cidade. No entanto o samurai não é propriamente o nobre guerreiro que os jovens pensam. Mais acção, mais drama, mais batalhas e mais uma vez a música de Masaru Satoh a acompanhar.

Minutos finais de NARITA com toda a equipa de bordo pronta para aterrar em segurança. Para mais informações basta dirigirem-se a naritaruc.blogspot.com. Nós por cá, e por lá no Japão, despedimo-nos e voltamos à mesa hora na próxima semana.

Sayounara

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